terça-feira, 19 de março de 2013

As cruzadas


No capítulo anterior, na igreja, na sala do bispo, bispo Sebastião conversa com padre Roberto.
Bispo Sebastião: Eu vou contar para o senhor, padre, um dos motivos que estão me influenciando para renunciar ao meu cargo. Eu tenho que contar isso para o senhor, pois eu confio no senhor, e eu preciso desabafar, se não, isso irá me sufocar. Eu acho que eu estou me apaixonando por uma mulher.
Padre Roberto: Eu não acredito, bispo, que até o senhor se deixou levar por uma mulher!
Bispo Sebastião: Eu não sou de ferro, padre Roberto!
Padre Roberto: O senhor a conheceu aqui na igreja?
Bispo Sebastião: Sim, ela é muito religiosa!
Padre Roberto: Mas o senhor sabe se ela é casada?
Bispo Sebastião: Ela não é casada, eu fiquei sabendo. Eu até já conversei com ela que eu estou apaixonado por ela, e nós combinamos que depois que eu renunciar, nós vamos comemorar na casa dela como se fosse uma festa a minha renúncia.

Anoitece em São João D' Acre. Em casa, na sala, Sueli e Pedro conversam.
Sueli: É filho, agora nós estamos sozinhos aqui nessa casa!
Pedro: Mãe, a senhora tem que sentir culpada um pouco! A senhora sempre falou que o meu pai, não era um homem de fibra, e sim, uma lesma, que a senhora se arrependeu de ter se casado com ele, e não ter se casado com um homem rico e poderoso como o José foi para essa cidade. A senhora sempre também reclamou dele não querer ir para a guerra contra os muçulmanos, que a igreja chama de peregrinação para o pagamento dos pecados, e por isso, ter que apelar para os seus filhos obedecer essa norma da igreja.
Sueli: É, mas o senhor não sabe o que eu estou passando! Quando eu vou na feira, todo mundo fica comentando sobre mim, fica olhando de um jeito diferente para mim. Na igreja, os padres já não me tratam como eu mereço por ser pobre, agora, eles me tratam pior ainda, e os fiéis, nenhum deles estão conversando mais comigo, só olhando para mim com indiferença.

Numa pensão da cidade, em seu quarto, Regino pensa na Sueli.
Regino: Mesmo depois de tudo que ela me fez, eu ainda penso na Sueli. Por que meu Deus, eu sou tão bobo assim? Eu acho que nesse ponto a Sueli tem razão, eu sou uma lesma, principalmente sobre sentimentos. Mas, com certeza, Deus irá me ajudar a esquecer a Sueli, e me fará se apaixonar por uma mulher que eu mereça.

Em Jerusalém, no acampamento dos católicos, em uma barraca, Lúcio e Mateus conversam.
Lúcio: Senhor Mateus, meu amigo, eu tenho tanta inveja do senhor!
Mateus: Por que? Eu nem sou rico para o senhor ter inveja de mim!
Lúcio: É, mas para arranjar uma mulher para eu me relacionar, eu precisei do senhor, enquanto o senhor nem precisou de ninguém, já foi conquistando a Gabriela sozinho, e agora eu estou querendo dividi-la com o senhor. Não está muito certo isso!
Mateus: Para mim, está certo sim, nós somos amigos, Lúcio! E o senhor precisou da minha ajuda, porque o senhor ainda estava pensando ou ainda pensa muito na Olívia, que era a mulher que o senhor se relacionava antes de vir para cá para a guerra, por isso que o senhor precisou de mim.

Amanhece em São João D' Acre. Na rua, Olívia está indo até à feira, quando Sueli a interrompe.
Sueli: Bom dia, senhora Olívia! Que estranho, olhando para a sua barriga, a senhora não está parecendo que está grávida.
Olívia: Grávida, eu? De onde a senhora tirou essa loucura ou será mais um veneno seu para mim?
Sueli: Foi a Ana que saiu comentando isso hoje. E o pior, ela falou que o pai do filho que a senhora está esperando é do falecido marido dela, o Paulo. Ela falou que foi chifrada pela a senhora! É verdade?
Olívia: Óbvio que não, ela inventou isso, porque ela não gosta de mim, pois ela tinha ciúmes do marido dela ter contratado uma mulher para trabalhar nos comércios dele, que fui eu, enquanto antes só tinha homens trabalhando. Mas, agora, eu tenho que ir para a feira, para comprar verduras, e eu nem estou me importando pelo os que outros estão falando de mim!

Na mata da cidade, Odete vê Pedro chegar à cavalo ao local que ela está.
Odete: Até que enfim o senhor chegou, pensei que o senhor não viria mais, estava morrendo de saudades de te ver!
Pedro: Mas tem pouco tempo que eu vim aqui.
Odete: Mas eu não aguento ficar longe do senhor nem um pouquinho!
Os dois se beijam na boca.
Pedro: Odete, a senhora não sabe da última! O meu pai saiu de casa.
Odete: Por que? Os seus pais terminaram o relacionamento deles?
Pedro: O meu pai que terminou, ele falou para a minha mãe que o casamento deles não estava como antes há muito tempo, estava se desgastando, só estava servindo como fachada para os dois diante da cidade.

Na igreja, na sala do bispo, padre Roberto conversa com bispo Sebastião.
Padre Roberto: Bispo, eu estava pensando que a igreja poderia fazer alguma festa que reunisse ricos e pobres, todos juntos.
Bispo Sebastião: Mas para quê? O senhor nunca quis que festa como essas, que reunissem pobres e ricos juntos, acontecessem.
Padre Roberto: Mas é que os pobres estão nos cobrando mais união dos católicos, e isso, engloba a união de todos os católicos.
Bispo Sebastião: Nós temos que pensar em outras coisas, padre! Não nessas besteiras!

Padre Ricardo vai até à casa de Ana e Paulo interrompendo o almoço deles. Na sala, padre Ricardo, Paulo e Ana conversam.
Padre Ricardo: Eu vim aqui para revistar a casa dos senhores toda, pois a denúncia que eu recebi também relatou que os senhores estão escondendo os muçulmanos nos quartos de hóspedes ou nos quartos do interior da casa. Por favor, me levem até esses locais para eu averiguar.
Ana: Não, padre, não irá ser necessário! O senhor não confia em nós?
Padre Ricardo: Sinceramente, não!
Depois de ir no quarto de hóspedes e nos quartos do interior da casa, de volta à sala, padre Ricardo conclui que não há muçulmanos naquela casa.
Padre Ricardo: Depois de ter averiguado os quartos, eu percebo que não há muçulmanos aqui!
Ana: Eu falei para o senhor confiar em mim e no Paulo!
Padre Ricardo: Espera aí, quando eu cheguei aqui, os senhores estavam almoçando, e eu não fui à cozinha, talvez eles estão lá.
Chegando na cozinha, padre Ricardo encontra o que estava procurando, os muçulmanos. Ele vê Isabela, Felipe e Maria almoçando.
Padre Ricardo: Encontrei o que eu estava procurando!
Felipe, Maria e Isabela se levantam e tentam fazer alguma reação de fuga, mas padre Ricardo os interrompe mandando os seus guardas os prenderem.
Padre Ricardo: Guardas, prendem esses pagãos, e levem-os para a prisão que é o lugar deles!
Felipe: Me solte, seu padre cafajeste! Os católicos ainda irão pagar por tudo o que estão fazendo com os muçulmanos!
Padre Ricardo: Cale a boca, seu muçulmano desgraçado! E enquanto aos senhores, Ana, Paulo e ao Rodrigo também, ele não está aqui, mas eu sei que ele mora aqui e por isso ele também deve ter ajudado a esconder esses muçulmanos. Eu não irei prender os senhores, por serem uma família poderosa, tradicional e respeitada dessa cidade, por isso, eu também não irei deixar isso repercutir na cidade, eu falarei que esses muçulmanos foram capturados enquanto eles estavam vindo para cá. Mas, se os senhores cometerem essa falha de novo, eu terei que tomar medidas drásticas, como por exemplo, a prisão. Mas, como penitência para os senhores se redimirem à Deus, por causa dessa falha gravíssima, terão que aumentar o valor das doações que os senhores doam para à igreja. Agora, eu vou embora junto com os guardas para levar esses pagãos para à prisão. Boa tarde para os senhores, e não se esqueçam da penitência!

Na igreja, padre Reginaldo e Neusa conversam.
Padre Reginaldo: Olhando para a senhora, eu percebo que tudo que eu preciso para ser feliz na minha vida, eu já tenho aqui.
Neusa: Não fala essas coisas aqui na igreja, aqui é a casa de Deus!
Padre Reginaldo: Não tem importância, ele já sabe que eu gosto da senhora, em qualquer lugar!
Neusa: Então, fala baixo, algum padre ou algum fiel pode escutar!
Padre Reginaldo: A minha vontade é de te beijar aqui!
Neusa: Pelo menos, o senhor poderia parar com as suas bobeiras!

Em Jerusalém, Padeceu vai até à rua que Gabriela mendiga, para encontrá-la.
Padeceu: Boa tarde, senhora Gabriela! Eu vim para o encontro que a senhora marcou.
Gabriela: Mas, eu marquei para encontrar comigo, foi com o Marcelo, não com o senhor Padeceu!
Padeceu: Eu vim no lugar dele!

Termina mais um capítulo de As cruzadas. Amanhã, mais um capítulo às 17:15.

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